quinta-feira, 8 de abril de 2010

Oito de Abril


Não poderia ser diferente, poderia? Lembro como se fosse ontem, como a angústia tomava conta de mim nas horas que se passavam sem teu toque, sem as tuas palavras anunciando tua vinda, sem a tua voz fazendo cosquinhas em meu ouvido, sem o arrepio de felicidade que me dava sempre que te tinha, perto. Mas aquele dia Oito o teu toque não chegou, tua voz não me veio e eu dormi, inquieta, com lágrimas nos olhos pela certeza que me tomava, antes mesmo da confirmação vinda de alguma voz chorosa e saudosa, tanto quanto a minha.Tu me doeu tanto, tanto! Uma certeza que eu não quis ter, essa tua. Eu aguardei, por dias, o teu retorno que não vinha. Inventei um atraso teu, apenas, e esperei a tua volta, vã. O peito ainda aperta ao te lembrar e, quando a dor ainda era fresca, eu sentia queimar dentro de mim, rasgar sem piedade nenhuma, até que tu vinhas em sonhos acordados, suspirando canções e dizendo que tudo ficaria bem, que a dor nunca tarda a passar e que jamais deixarias de ser, desde que continuasses vivo cá dentro do peito.Hoje, Lu, completam-se quatro anos. E, tal como me contasses, tu não me dói mais, não arde, não sufoca. Tua saudade é uma das que mais amo sentir, soa cantiga de ninar para criança prestes a dormir. Talvez porque te tenha de outras formas, presente em outros pares de olhos de chocolate e em sorrisos que te pertenciam. Vejo você pulsando em outros corações e escuto a tua voz vinda de telas frias de computador, através de dedos que te dedilham inteiro.E tu me és, então. Vivo, anjo da guarda que roubei pra mim. Suporto a tua não presença, pois quando sinto apertar o peito, tu me vens com teu violão e tua voz rouca, cantando para que acalme, para que a tristeza passe. E, ao ver-te tão tu, obrigo-me a sorrir com lágrimas nos olhos, deixando que estas escapem, virando estrelas. Tu me tomas pela mão, afaga o coração e me esperas dormir e, antes de pegar no sono, tu me sussurras: acalma-te. Teu tempo é belo, é longo. Aqui, estarei sempre e, quando o mundo não for mais mundo, seremos presença, então.É Lu, até algum dia.



• para a minha saudade mais bonita!

Nenhum comentário: