segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Não sei por que você se foi


Hoje, ouvi o Tim Maia cantando: “Não sei por que você se foi. Quantas saudades eu senti. (…) Aquele adeus não pude dar”. E, novamente, isso me fez querer rasgar o tempo e o espaço, apenas para ir te perguntar: “Por quê?”. Compreendo, esse meu desespero de tão dolorido chega a “alucinar a razão”, por isso mesmo é um dos motivos pelo qual criamos os deuses: a eles cabe a missão de responder os nossos “por quês?” que nunca serão respondidos e impedir que o “nunca mais” nos enlouqueça. Dá, sim, muita vontade de acreditar em um outro lado, para onde possamos encaminhar preces, e no final delas dizer: “Espera. Que mais dia ou menos dia a gente se encontra. Prometo!”. É inegável, nós, seres humanos, conseguimos produzir “remédios para as dores da alma” em larga escala - as igrejas sempre lotadas não me deixam mentir. Porém, devemos lembrar que todo remédio tem efeitos colaterais (às vezes bastante graves).

A música continuou: “Eu gostava tanto de você. Gostava tanto de você…”. Na verdade, eu “muito mais que gostava tanto” de você. Muito mais… E tenho certeza de que nunca falei do quanto e de como, apesar das várias e várias oportunidades; achei mais seguro contar da minha obsessão por livros velhos durante os cafés, conversar sobre como andava fazendo frio ou calor enquanto me dava carona até em casa e discutir política nas vezes em que saímos para jantar. Mal sabia eu que realmente seguro é não deixar para amanhã, pois o tempo foge, escorre por entre os dedos. Nas palavras de Rubem Alves: “Mas o relógio não desiste. / Continuará a nos chamar à sabedoria: ‘tempus fugit…’ / Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, / a beleza única do momento que nunca mais será…”.

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