quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Carta de despedida

Vou tentar te escrever. Vou tentar manter a doçura.Talvez saia um pouco de amargura. Mas, será inevitável. Só que tentarei ser doce até o fim.
Essas linhas serão eternas. Tudo que escrevi pra ti vai ficar aqui. Vai conter cada pedaço de sentimento que eu te entreguei e tu recusastes.  Não sei se você leu. Não sei se você soube. Se não soube, desculpa, mas a culpa não foi minha.  Esse sentimento vai continuar aqui. Vai ficar aqui intocável nessas páginas. Congelado. Estático. Imutável. Triste pra sempre. Assim, como os espinhos dos  livros que eu tanto amo, livros escritos para amores impossíveis. Amores contrariados. Sabe não entendo. Mas amo mesmo assim. Eu sei que você está pensando que eu sempre fantasio. Ora, meu querido, a fantasia foi toda minha. Mas, vou seguir. Você está seguindo. Quando penso nisso  sinto os cacos de vidro  na garganta, toda vez que engulo saliva e palavras não ditas. As palavras sangravam. Vou seguir um caminho mais doloroso, talvez. A chuva cai aqui dentro,  fecho  os olhos. Depois os abro e eles chovem também. Nesse momento meus olhos estão abaixados, vagando por dentro. Tentando por reticências... no pensamento. Vai ser assim, né? Por um tempo só vou ter esse céu de uma tempestade anunciada. Esse nó na garganta. Esses labirintos que vou tentar completar com todos os livros do mundo e que me deixarão cada vez mais perdida. Essa ausência de coisa alguma que vou preencher com músicas que falam de amor assim e que me deixarão sempre tão vazia de ti. O desespero da ineficiência.
Tento ver de fora. Sair dessa historia e ver como num espelho. Como será daqui pra frente? Sabe o que o meu outro eu, ve? Você  está quase translúcido na visão de futuro dela... que futuro... sempre a esperar por coisa que não veria nunca. 
Mas, agora... você vai seguir um caminho, tentar ser feliz... encontrar alguém pra corresponder as suas expectativas, seus desejos, suas afeições. Alguém... que não será ela. E ela tinha que ver  e tentar sorrir, era irremediável... não...não tinha nada que ela pudesse fazer ou dizer... Se até agora nada tinha conseguido atingir o coração dele, não seriam as suas lágrimas ou o seu desespero que o fariam.
É isso que eu vejo. É isso que eu sinto. Ele e Ela. Nunca dois. Sempre separados.
Difícil te dizer adeus, talvez eu nunca consiga. Sinto com se fossem  anos. Não dias ou meses. Anos. Longos anos de espera. Que perduram. Você me ensinou tanta coisa. É... você me ensinou. E eu agradeço por isso. Sabe qual a mais linda das coisas?  Me ensinou a sorrir em meio as lágrimas.Queria ter te ensinado alguma coisa. Queria ter te ensinado a se sentir amado. Mas, você nunca ligou muito pra isso. Só quero te dizer que era mentira quando eu disse que você tinha matado a fé que eu tinha em você. Ela continua aqui. Eu sempre fui uma menina cheia de fé. De esperança. Mas, você sabe o que dizem sobre esperança? Dizem que é a última que morre e a primeira que mata. Eu estou cansada de morrer todo dia. Sim, mas voltando a fé... eu acredito em você, mesmo que todos digam o contrário... eu torço por você...eu te quero muito bem... e eu vou continuar querendo. Durantes os anos, você vai ver... vou estar discretamente em lugares estratégicos te aplaudindo. Eu prometo. Eu sempre vou está lá pra te aplaudir. E acredita, você terá muitas ocasiões assim. Eu acredito. 
Talvez seja melhor assim, eu tenho que ter tempo pra crescer e depois pra voltar a ser criança. Tenho que conhecer coisas novas. Me encontrar e me perder mais algumas vezes. Tenho que encontrar alguém que sinta tanta falta de mim tanto quando eu sinto de você. E hoje você não é esse cara, né? Nunca vai ser... eu sei... eu sempre soube que isso ia ser sempre abstrato, sempre soube que te amaria e você não. Mas, eu achava bonito. Eu acho. Só que pra te amar pra sempre, eu tenho que ir agora. Eu tenho que seguir. Deixar você seguir. Sabe o que me fez sorrir nesse instante? Pensar que você pode lembrar de mim. Mas, aí, lembrei que você tem a pior memória do mundo. Você vai se lembrar daquela  manhã de domingo que quase foi trágica? Vai lembrar das horas de msn que passavam como se fossem minutos? Vai lembrar de como eu te chamava de Rafa e você ria por que ninguém mais te chamava assim? Vai lembrar daquela Oktober que você me levou pra casa e depois eu tive que te levar de volta por que você não sabia o caminho? Vai lembrar do dia que conheceu a minha mãe e eu nunca tinha te visto com tanta vergonha?  Pensando assim, vou ter mais dias difíceis de saudades. E  nesses dias terei esperança de que você também sinta uma saudade incoercível de mim... olha a minha ingenuidade nessa última frase. Vou sentir saudades dela também. Vou sentir tanto a tua falta. Eu não queria ir, eu juro. Eu vou me arrepender, eu sei. Mas, você sabe que eu não posso ficar, só não pensa que eu  estou indo por não te amar. Mas, te prometo deixar você na região dos meus sentimentos mais nobres. Prometo orar por ti sempre. Prometo te amar sempre. Se você ainda quiser, a gente toma chá aos 70 anos. Eu sei que eu ainda vou querer. Eu sei que ainda vou te amar.  E eu sei também que isso nunca vai mudar. Eu sei que com você eu cresci muito. Eu sei que eu sou feliz por ter te encontrado nessa terra de granito. Eu sei que vou continuar a mesma. E você sabe que vou mudar muito pouco.  Vou continuar chorando por qualquer coisas, vou continuar nesse meu mundo aonde o céu do amanhecer é amarelado feito um girassol e salpicado com nuvens vermelhas, iguais as lágrimas que rolam pelo meu rosto enquanto escrevo essas linhas.
Fica bem, meu amor,



De C. para R.



2 comentários:

franCielle baú disse...

até aprece que ele leu! rsrs

Cintia Niederauer disse...

Pelo jeito como voltou, parece que leu mesmo ;D